terça-feira, 2 de agosto de 2016

Segunda, 9 de novembro de 2015.

Não consigo me lembrar se o despertador havia tocado, me lembro de ter acordado assustada com o clarão, eu deveria ter acordado cedo, bem cedo naquele dia, mas eu estava tão cansada do fim de semana, na verdade eu ja estava muito cansada dos últimos meses.
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- Ei amor, olha que dia lindo lá fora, o sol esta queimando, que tal a gente dar um pulinho em porto?
- Não posso, tenho muita coisa pra fazer hoje. 

Bom, essa era minha resposta pra todos os convites que ele vinha me fazendo nos ultimos meses.
Ter adiado, por exemplo, o aniversario de dois anos do nosso filho pra uma semana depois por conta do excesso de encomendas pro dia 7 e 8 de novembro é algo que ainda não superei.
Naquele domingo fomos dormir bem tarde, por volta de duas da manhã, foi mais um motivo pra que eu não tivesse a menor disposição pra levantar às 5 como eu havia planejado..
Naquele susto do clarão cutuquei ele, ele me olhou assustado, como sempre olhava quando eu o acordava, rs, bom.. ja havia tentado de todas as maneiras acorda-lo de forma que ele não me olhasse como se estivesse acabando o mundo ou se aproximando um tsunami, mas não havia forma mais carinhosa e delicada de evitar aquele olhar... E aquele olhar foi o ultimo que tive (...) 
Ele se deitou novamente, e eu envolvida na mesma preguiça que ele me deitei novamente também.

Tinha tudo pra ser mais uma segunda-feira, mais uma das mais de 1.300 que eu já havia tido na minha vida, mais uma das mais de 260 que tive com ele. Segundas tediosas, cansativas, de chuva, de sol, vendo filme, brigados, jogando, viajando, fazendo tudo, fazendo nada. A gente passa a maior parte da vida só, mas depois que passa a dividir a vida com alguém, se acostumar com a própria companhia é uma tarefa difícil.. mas muito, muito necessária. 
Deus, quantas vezes fiquei insana, eu nem sei, tive tanta vontade de correr até aquele cemitério e tira-lo de lá. As vezes acho que estou insana até hoje, que fico fantasiando uma superação, não consigo esperar o senhor do tempo.. mas é necessário, muito necessário. 

A gente nunca sabe. Nunca sabe quando será a ultima oportunidade, o ultimo olhar, o ultimo sorriso, o ultimo filme juntos. Dessa forma ele me ensinou a ser inteira em tudo, porque a gente nunca sabe a partir de que momento vamos nos arrepender pro resto da vida pelo não dito. A gente nunca sabe (...)

Depois de ter adormecido, acordei com alguém batendo na porta do quarto. Queriam saber porque ele não havia acordado ainda, só que ele não estava mais la. Aquele lado da cama já havia ficado vazio, aquela era a primeira manhã de uma eternidade (...) 


[...]

Wish You Were Here

Toda essa chuva tem me deixado melancólica.. Meu amor, preciso dizer que sua falta anda aguda.
Que o frio tem me queimado, que o resto das coisas deixaram de importar.
Tenho andado tão pensativa quanto a você, em tudo que foi pra mim, que me senti péssima por me perder no caminho, por trocar prioridades, por me deixar enganar. Deus do céu, você faz tanta falta.
Me peguei lembrando da ultima vez que brigamos e ficamos uma semana sem nos falar, você tentando me adular e eu de cara fechada esperando um pedido de desculpas, quando você sentou ao meu lado com cara de cachorrinho, os olhos cheios de lágrimas, disse que não queria que sua familia se perdesse por uma besteira, que jamais abandonaria o barco, oh céus, que saudade do seu calor.. do seu amor, das suas certezas, do aconchego.. Meu bem nossa familia se desfez, mas juro que estou tentando ser nós dois, mas o buraco que você deixou, ninguém nunca vai preencher, nem eu mesma..
Como eu queria, como eu queria que estivesse aqui (...)